João Branco Sim, passou quase uma semana desde a nossa chegada a Barton, onde estamos alojados na base sul-coreana King Sejong. Dias intensos de trabalho têm adiado estes textos até hoje mas, vejamos um resumo dos últimos dias. A chegada do navio Espérides coincidiu com a chegada do voo do PROPOLAR ao Aeroporto Teniente Marsh, na Ilha King George. Como é do conhecimento geral o Programa Polar Português tem vindo a fretar anualmente um voo de transporte de passageiros e carga entre Punta Arenas e King George constituindo o contributo logístico de Portugal para o esforço de investigação antárctica internacional. Este voo não transporta só investigadores portugueses. O acesso aos lugares restantes é aberto a investigadores dos países com quem Portugal tem acordos ou protocolos de cooperação. Basicamente toda a ciência antárctica é efectuada com base nestes fundamentos: cooperação e partilha. Aguardámos a chegada do voo e dos dois investigadores que se iriam juntar a nós para a estadia em Barton, os geólogos Pedro Ferreira e João Mata. Com este nosso voo veio também a Teresa Cabrita, actual directora executiva do PROPOLAR que iria ficar em Escudero alguns dias, no âmbito do trabalho organizativo do PROPOLAR. Há um que ano saí de Barton, depois de uma estadia de três semanas, e aqui volto com o objectivo continuar o meu trabalho no âmbito do projecto de doutoramento. Prosseguimento dos levantamentos de fotografia aérea com o eBee e identificação das formas e processos geomorfológiacos desta península. Além disto tinha que recolher e recuperar os dados de vários sensores de temperatura do ar e do solo instalados por mim no ano anterior e que, no caso dos dois sensores da temperatura do ar instalados em mastros de madeira a 1,5m do chão, constituíam algum preocupação quanto à questão, se teriam resistido ao inverno antárctico caracterizado por ventos muito intensos. Os nossos colegas geólogos têm como objectivo fazer um levantamento geológico com recolha de amostras de rochas que permita a elaboração de um mapa litológico de pormenor, que também contribuirá para o conhecimento dos factores geomorfológicos presentes nesta área, pelo que no dia seguinte decidimos sair em conjunto para um percurso de reconhecimento do terreno com passagem pelos locais onde os meus sensores estavam instalados. O tempo estava óptimo, com sol e ausência de vento, o que não se veio a repetir ao longo dos dias seguintes, e para minha satisfação os sensores estavam nos locais onde os tinha deixado e tinham resistido ao inverno. Neste dia também aproveitámos para escolher um local para uma futura perfuração para monitorização de permafrost. Os dias seguintes foram divididos entre procurar voar o eBee e fazer reconhecimento geomorfológico. Resta dizer que a realização destas tarefas consome tempo pois implica a deslocação pelo interior da península transpondo os vários desníveis desde a costa, onde está localizada a base, até cotas rondando os 200m, caminhando sobre clastos de rochas vulcânicas muito angulosos, em geral de origem crioclástica ou sobre neve, que neste Verão austral ainda é abundante e que dificulta a caminhada por estar muito húmida. Frequentemente em cada passo enterramo-nos até aos joelhos. Na Quinta-feira dia 21 fomos surpreendidos pela visita da Teresa Cabrita que aproveitou a deslocação a Barton de biólogos chilenos que estudam pinguins da colónia aqui existente, para visitar a Base sul-coreana. As visitas na Antárctida são sempre bem-vindas, tendo a Teresa sido acompanhada pelo líder base numa breve visita às instalações.
O eBee cumpriu as suas missões, não sem alguns percalços que implicaram alguns trabalhos manuais de reparação à noite na base mas que não limitaram a sua actividade. Já recolhi os dados dos sensores de um dos locais e voltámos a instalar os sensores no campo. Sábado ou Domingo recolheremos os sensores do outro local. Os comentários estão fechados.
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