António Sousa, 3 de Outubro de 2016, NPI, Fram Center, Tromsø, Noruega Um dos poucos ambientes pristinos à face da Terra, o Oceano Ártico, tem enfrentado cada vez mais pressões antropogénicas. As consequências do aquecimento global, acidificação dos oceanos e prospeção de petróleo refletem-se sob os ecossistemas diretamente relacionados com o gelo. Precisamente, uma das principais preocupações acerca do Oceano Ártico tem sido a alteração do regime de gelo, com uma diminuição significativa na sua extensão durante o verão, e alteração de gelo espesso, perene, com vários anos, para um gelo mais fino, com um ano de idade. A expedição Norwegian Young Sea Ice (N-ICE15), que ocorreu a norte de Svaldbard, a bordo do RV Lance, conduzido por gelo à deriva (navio ancorado numa massa de gelo), durante os meses de Janeiro-Junho de 2015, foi motivada exatamente por esta alteração do regime de gelo com o objetivo de estudar as suas consequências físicas e biogeoquímicas – descrição detalhada em http://www.npolar.no/en/projects/n-ice2015.html. Como parte integrante deste ecossistema, as comunidades microbianas fazem a interligação entre a geosfera e biosfera transformando nutrientes indisponíveis, como o C, N, P, para formas químicas passíveis de serem assimiladas por outros organismos. Deste modo, estas comunidades garantem a sustentabilidade de formas mais complexas de vida e da própria biosfera. Portanto, alterações na sua estrutura e diversidade funcional, i.e. genética, irão causar consequências em cadeia, na rede trófica, com consequências para todo o ecossistema. Logo, o seu estudo impõe-se como um ponto fundamental para compreender os efeitos do novo regime de gelo do Oceano Ártico. Com este intuito foram recolhidas amostras de água a 5, 20 ou 50 e 250 m em profundidade, em Março, Abril e Junho, em três locais distintos, durante a expedição N-ICE15, para caracterizar as comunidades microbianas (plâncton procariótico e eucariótico unicelular) tanto a nível taxonômico (SSU rRNA amplicon) como a funcional (metagenoma), contextualizadas ambientalmente por dados físico-químicos recolhidos. Os resultados de identificação taxonómica das sequências do gene 16S rRNA (subunidade pequena – 16S – do ácido ribonucleico ribossomal) revelaram uma maior proporção (abundância relativa) de Bacteria (principalmente dos filos Proteobacteria e Bacteroidetes) do que Archaea (Figura 2) que reflete a maior diversidade genética das bactérias e, por isso, uma maior capacidade de adaptação a variações físico-químicas ambientais. A fração de archaeas – archaeoplâncton – é claramente dominada por um filo – Thaumarchaeota – que é constituído essencialmente por archaeas que oxidam amónia a nitrito (AOA; Figura 2). Estas tendem a migrar da superfície para águas mais profundas, mesopelágicas, durante a transição inverno-primavera (Figura 2). Figura 2. Percentagem de ocorrência dos diferentes OTU’s (Unidades Taxonómicas Operacionais) no plâncton procariótico, em Março e Abril, durante a transição inverno-primavera (gráfico Krona, SILVAngs). Aumento de AOA (Archaeas que Oxidam Amónia) nas camadas superficiais (5 e 50 m) do Oceano Ártico, durante o mês de Março, e migração para águas mesopelágicas, durante o mês de Abril. O género Nitrospina, pertencente ao grupo funcional NOB (Bactérias que Oxidam Nitritos), tende a desaparecer a 250 m. As AOA são fotossensíveis podendo ter migrado para águas mais profundas para se protegerem da luz. No entanto, a camada de neve que cobria o gelo durante o mês de Abril era à volta de 40 cm, dificultando a penetração de luz. Contudo, não se pode excluir a possibilidade de ter existido fraturas no gelo que de alguma forma facilitassem a entrada de luz durante este período. De qualquer forma, a sua co-ocurrência com um género de bactérias, Nitrospina, que oxida nitrito, o subproduto da oxidação da amónia, a nitrato (NOB), em Março, sugere que a nitrificação possa ser ativa durante o inverno (Figura 2). No entanto, estas comunidades nitrificantes são praticamente inexistentes na amostra recolhida durante o mês de Junho (dados não apresentados). Isto pode significar que estas comunidades “aparecem-desaparecem” durante a transição de inverno-primavera. Portanto, o novo regime de gelo do Ártico pode mudar a dinâmica sazonal observada para as AOA devido a uma maior penetração da luz e que tende a ser cada vez mais precoce, com repercussões nos ciclos de N e C.
Neste momento encontro-me no NPI (Fram Center, Tromsø, Noruega; ver Figura 1) onde estou a começar a analisar os dados ambientais (físicos, e.g. temperatura, pressão, e químicos, e.g. amónia, nitrato, fosfato, carbono orgânico dissolvido e.t.c.) que foram recolhidos para contextualizar ambientalmente estas comunidades microbianas e dessa forma percebermos melhor quais são os principais fatores físico-químicos que as estruturam. Ao mesmo tempo estão a ser processados os dados de metagenómica que nos possibilitarão compreender funcionalmente estas comunidades planctónicas do Oceano Ártico, ao nível: celular, metabólico, similaridade funcional (genética) e.t.c.. Em conjunto, estes dados e análises irão ajudar a estudar a composição, as interações interespecíficas e as variáveis ambientais que estruturam estas comunidades microbianas que são fundamentais para identificar mudanças, quer estruturais quer funcionais, durante a transição inverno-primavera. Desta forma, poderemos compreender melhor as consequências ecológicas do novo regime de gelo do Oceano Ártico. Camilo Careiro e José A Alves, 25 Agosto de 2016 Parece que ainda ontem os GeoSpoi estavam a chegar à Islândia, e agora já estão novamente em África. GeoSpoi? Se não sabe do que falamos, leia primeiro esta notícia: http://www.propolar.org/notiacutecias/projeto-geowhimbrel-geospoi-de-volta-entre-o-artico-e-os-tropicos. Mais uma época de campo terminou e fica a ambígua sensação de um passar do tempo a correr, mas simultaneamente longo. E de facto, se por um lado temos dias longos no campo a (tentar) recapturar GeoSpoi, por outro, estas aves são relativamente rápidas na sua curta visita e estadia anual aos locais de reprodução. Em cerca de 3 meses: reencontram o parceiro, ou encontram um novo; fazem a postura dos ovos; incubam durante cerca de 25/27 dias; guardam as crias durante pouco mais de um mês; e acumulam reservas para a longa migração que têm pela frente. Projecto AMS: “Unravelling the strength of carry-over effects in a artic migratory shorebird”26/7/2016
Por Miguel Araújo
26 Julho 2016 As mudanças nos padrões migratórios dos animais têm sido muitas vezes associadas a alterações climáticas. As aves são consideradas um modelo-chave para investigar os efeitos cumulativos da variação ambiental em épocas consecutivas do seu ciclo anual. Essas ligações entre épocas são na sua maioria estabelecidas através de características fenotípicas, por exemplo a quantidade e qualidade de gordura armazenada, o “combustivel” dos seus longos voos migratórios. Aves limícolas que se reproduzem no ártico e sub-ártico passam a época não reprodutora nas zonas costeiras dos continentes, distribuindo-se assim ao largo de várias latitudes e estando portanto sujeitas a diferentes condições ambientais (por exemplo em zonas temperadas versus zonas tropicais). Estas aves acumulam gordura com diferentes níveis de energia, e estas diferenças permitem investigar os potenciais custos ou benefícios de invernar em diferentes locais da sua área de distribuição. No projecto AMS medimos directamente e pela primeira vez o teor energético no tecido adiposo de aves limícolas na sua chegada as áreas de reprodução na Islândia. Para isso, durante o final do passado mês de Abril e princípio de Maio (durante 20 dias), na costa Este da Islândia, realizamos sessões de captura com redes de anilhagem, para capturar Maçaricos-de-bico-direito Das aves capturadas, foram recolhidas amostras de vário tecidos: sangue, penas e gordura. Para a análise da gordura foi utilizado um método pioneiro, (Ressonância Magnética Nuclear (RMN)) que permite quantificar o conteúdo energético da gordura acumulada durante o Inverno. Nas amostras de penas foi analisado o conteúdo dos Isótopos de Carbono e Nitrogénio para establecer o local de invernada. E a análise sanguínea permitiu-nos avaliar parâmetros sanguíneos, como por exemplo os valores de Triglicerídeos e Glucose, moléculas relevantes no metabolismo da gordura. Estes dados estão agora a ser analisados e em breve esperamos obter uma indicação mais clara sobre as consequências de invernar em diferentes locais em aves que se reproduzem no ártico e sub-ártico. Por Camilo Carneiro e José A. Alves 31 Maio 2016 Uma grande parte dos Maçaricos-galegos (Numenius phaeopus) reproduz-se na Islândia e passa o resto do ano em zonas subtropicais e tropicais. Para isso fazem longas migrações desde o ártico até aos trópicos, que podemos agora desvendar. Uma recente forma de investigar esta “ponte aérea” é com o recurso a pequenos loggers colocados nas aves, que medem e registam a irradiância luminosa de forma constante. Sabendo a que hora o sol nasce (pelo aumento da irradiância luminosa) e a duração do dia é possível estimar a longitude e a latitude, respectivamente. Uma vez que os dados ficam armazenados nestes loggers, é necessário recuperá-los para descarregar a informação e portanto recapturar a mesma ave. A estes aparelhos chama-se comumente geolocator, e vieram revolucionar a nossa capacidade de seguimento das aves migradoras. Quando colocamos os geolocators em Maçaricos-galegos (Spoi em Islandês), demos origem ao projecto GeoSpoi. Em 2015, 30 indivíduos desta espécie saíram da Islândia batizados de GeoSpoi e foram construindo durante os últimos 12 meses as histórias que pretendemos agora desvendar. A fidelidade aos territórios de nidificação na Islândia é muito elevada e é por isso no período em que as aves incubam que os ovos são (re)capturadas e os geolocators recuperados e, nalguns casos, recolocados para conhecermos também os movimentos no ano seguinte. Este ano de 2016 já observamos vários GeoSpoi de volta aos territórios de nidificação. Não tarda terão a postura feita e as nossas tentativas para os recapturar irão começar. Ficaremos então a saber quando e como os indivíduos migraram e onde passaram o inverno. Além disso, faremos também o registo da fenologia e investimento reproductor (p. ex. tamanho das posturas), bem como do sucesso (p. ex. numero de ovos eclodidos e de descendentes criados), dados que serão relacionados com migração entre o ártico e os trópicos.
Renata Martins, 03.Junho.2016, ALOMAR Observatory, Andenes, Norway Recap: The main goal of the POLARUBI project is to study the aerosol fraction bellow 10 micrometer in a clean environment located 300 km north of Arctic circle. Previous work was done by other team members in February. Now, I am here to continue the campaign for 2 more weeks on ALOMAR (69N, 16E), the Arctic Lidar Observatory for Middle Atmosphere Research. In this way we will get samples during winter and during late spring, allowing a better characterization of the local aerosols. The ALOMAR Observatory is managed by the Andoya Space Center and at the main entrance of the Center they usually display the flags of the different nationalities of the researchers currently working here, so the Portuguese Flag is flown every day since my arrival. The main procedures consist in daily filter change, equipment assessment and data collection to guarantee that everything is performing correctly. The filters containing the samples will later be analyzed in Portugal.
I arrived Andenes a few days after ceasing of dark night periods. Right now in Andenes there are no dark nights as you can see in the picture below. During the last week the temperature varied between 10 to 14 degrees Celsius. There is barely any snow left and very low wind speeds.
Equipa da Universidade de Lisboa em estudo inovador sobre o enxofre em lagos do Ártico Canadiano11/4/2016
João Canário, Gonçalo Vieira e Teresa Cabrita No passado mês de Março, recolheram-se pela primeira vez, amostras de águas de lagos de termocarso no Ártico Canadiano durante o inverno. O objetivo da equipa portuguesa envolvida, que contou com a presença no terreno de João Canário (CQE/IST/ULISBOA), é conhecer melhor a complexa química do enxofre, numa investigação até agora nunca realizada. Para aceder à água dos lagos, quando as temperaturas do ar são em média de -30 °C, é preciso furar a superfície gelada, de modo a recolher as amostras. A importância deste estudo em condições tão adversas, deve-se ao facto de no inverno a cobertura de neve e gelo impedir as trocas de oxigénio entre a água dos lagos e a atmosfera, o que os torna extremamente redutores, alterando por isso a sua química e todos os processos biogeoquímicos envolvidos na degradação da matéria orgânica natural. O aumento considerável da área com lagos de termocarso associados à degradação do permafrost nas regiões árticas e sub-árticas é uma das consequências do aquecimento global que se faz sentir particularmente nas regiões polares. Acresce o fato destes lagos serem fortes emissores de metano, um gás com efeito de estufa mais intenso do que o dióxido de carbono, que se liberta durante a degradação microbiana da matéria orgânica natural.
Sabe-se atualmente que o reservatório de carbono nos solos gelados do ártico é muito superior ao da atmosfera, e portanto bastante vulnerável ao aumento da temperatura global, que ao acelerar a degradação microbiana do carbono orgânico, poderá ter efeitos consideráveis no aumento da temperatura global através da libertação destes gases associados ao efeito de estufa. Esta campanha surge na sequência de uma outra que decorreu no verão de 2015 na mesma área, onde, além da recolha de amostras, se realizaram levantamentos com um veículo autónomo não-tripulado, que levou à geração de modelos de alta resolução nunca antes realizados na região. O projeto é coordenado pelo Centro de Química Estrutural (CQE) do Instituto Superior Técnico (IST) e conta com a participação Centro de Estudos Geográficos (IGOT), numa colaboração com o Centre d’Ètudes Nordiques (Universidade Laval) e visa estudar os efeitos das alterações climáticas na degradação do permafrost e na química dos lagos de termocarso. A presente campanha envolveu ainda cientistas de diversas universidades canadianas, finlandesas e alemãs. Os trabalhos de campo decorreram no Norte no Canadá perto da comunidade de Whapmagoostui-Kuujjuarapik. Deste projeto fazem ainda parte outros investigadores do CQE, CEG/IGOT e ainda do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares também do IST. José Xavier e José Seco A nossa expedição científica JR15004, a bordo do navio Britânico James Clark Ross, iniciou-se a 8 de Janeiro de 2016 e estendeu-se até dia 28 de Fevereiro. Nessas semanas, estivemos a recolher amostras importantes para conhecermos quais os metais pesados presentes na cadeia alimentar marinha Antártica em redor das Ilhas Orcadas do Sul. Estiveram 18 cientistas e 29 tripulantes neste cruzeiro dedicado exclusivamente à ciência Antártica. Os interesses dos outros cientistas variam da biologia de peixes, à abundância do camarão do Antártico até o que fazem os pinguins e os lobos marinhos (comem camarão do Antártico?). Our research expedition JR15004, onboard of the RRS James Clark Ross (United Kingdom), started on the 8 January 2016 and ended in 28 February. On those weeks, we have been collecting samples from a wide range of marine organisms to analyse their trace metals. We wish ot understand their role in Antarctic marine food webs, particularly in regions where fisheries operate (like South Orkneys, where the expedition was carried out). A total of 18 scientists and 29 crew were in this cruise exclusively dedicated to science. Other scientists onboard were interested in the biology of fish (particularly myctophid fish, abundance of Antarctic krill and feeding/foraging ecology of penguins and Antarctic fur seals. Os resultados muito preliminares levam-nos a pensar que a biodiversidade de peixes (principalmente os peixes mictofideos) decresce à medida que nos aproximamos do continente Antártida (encontramos maioritariamente Electrona antarctica e Gymnoscopelus braueri, com Bathylagus spp. ocorrendo regularmente também). A abundância do camarão do Antártico foi notória com a presença de baleias, em zonas associadas a canhões (como o canhão da Nazaré, onde a profundidade aumenta muito rapidamente). Os pinguins e os lobos marinhos tiveram uma dieta variada (quer camarão quer peixe) e as zonas onde procuraram alimento sobrepõem-se onde as maiores concentrações do camarão ocorreram (mas ainda é precisar verificar estas relações). As nossas amostras de metais pesados foram recolhidas com sucesso e espera-se que estejam prontas para serem analisadas no laboratório no fim do Verão. Vamos dando notícias sobre os resultados!!!!!Fiquem atentos!!! Our results are still very preliminary but we reckon that the biodiversity of fish decreases as we get closer ot the Antarctic continent ( we found mainly Electrona antarctica and Gymnoscopelus braueri, with Bathylagus spp. ocorring regularly too). The abundance of Antarctic krill was particularly noted when there was plenty of baleen whales around, usually associated to canyons. The penguins and Antarctic fur seals had a varied diet (on Antarctic krill and fish), with the foraging areas overlapping with those from where the concentrations of Antarctic krill occurred (but more data analyses is needed to confirm this statement). Our samples on trace metals were collected successfully and we hope they will be ready to be analysed in the laboratory in late Summer 2016. We shall keep you informed on the results!!! Aproveitamos assim o último blog desta campanha para agradecer à APECS, PEI, PROPOLAR, BAS, SCAR - AnT-ERA, SCAR – EGBAMM, ICED, FCT, Universidade de Coimbra, Universidade de Aveiro, Universidade de St. Andrews e a todos os que acompanharam a nossas aventuras! We take this opportunity to thank APECS, PEI, PROPOLAR, BAS, SCAR-AnT-ERA, SCAR-EGBAMM, ICED, FCT, University of Coimbra, University of Aveiro, University of St. Andrews and everyone who joined in our adventures! Até breve!!!
Stay tuned!!! Miguel Medeiros Arctic Lidar Observatory for Middle Atmosphere Research The main goal of the POLARUBI project is to study the aerosol PM10 fraction in a clean environment located 300 km north of the Arctic Circle. After eleven days, measurements continue in ALOMAR (69 N, 16 E), the Arctic Lidar Observatory for Middle Atmosphere Research. At the end of the campaign, these collected samples (aerosol particles) will be packed for further analysis in Portugal. Daily routines consist of filter change, equipment assessment and data retrieval; so far everything is operating correctly, reaching its final days of the campaign. Regarding wheater conditions, clouds predominate most of the time with several occurences of snow. At this time of the year, there are few hours of daylight sun. Due to cloudy conditions the sun is not visible most of the time. Typically the night starts at 16:00 local time, resulting in longer night periods compared to day periods.
José Xavier e José Seco Trabalhar um cruzeiro científico tem uma agenda muito diversificada: ir até à área de estudo, recolher informação nas várias estações de estudo (úteis para todos colegas do cruzeiro: por exemplo, uns colegas estão mais interessados na vertente acústica e compreender a abundância dos organismos usar sonares, outros colegas é imperativo recolher amostras dos animais para se estudar a fisiologia, biologia, ecologia...e no nosso caso, a presença e quantidade de contaminantes nesses animais. Nestes últimos dias, entre a “normal” ausência de bom tempo, tivemos obrigações primárias a fazer: ir buscar colegas que estavam em terra a trabalhar com os pinguins e os lobos marinhos. Primeiro fomos buscar Phil Trathan, cientista conhecido que trabalha com pinguins e que esteve os 2 últimos meses acampado junto a uma colónia de pinguins de Barbicha Pygoscelis antarctica na Ilha de Laurie (uma das Ilhas Orcadas). Quando o fomos buscar, ele estava com um sorriso gigante. O seu trabalho tinha corrido bem e estava contente de mais uma etapa terminada. Ele foi um dos meus supervisores de Doutoramento e foi bom reencontrá-lo novamente, e logo ali. Eu e o José fomos os sortudos a ter autorização para o ir buscar (e à Cat, a sua assistente), nos zodiacs. As condições não estavam inicialmente favoráveis para atracar na praia, e tivemos de esperar para que as ondas baixassem um pouco. Fomos a terra, mas passamos maior parte do tempo a transportar equipamento, contudo valeu muito a pena. Estivemos novamente a cm de pinguins barbicha e de lobos marinhos. Working in a research cruise has a wide number of issues to deal with in the cruise agenda: get to the research area, collect information from the research stations within it (useful to all colleagues: for example, some colleagues are more interested in the abundance and distribution patterns of marine organisms using acoustic techniques (e.g. sonar) whereas for other colleagues collecting samples of the animals is imperative so that it is possible to study their physiology, biology, ecology...and in our case, the amount of contaminants in these animals. In these last couple of days, between the “normal” absence of good weather, we had a very important task to do: to get our colleagues from various islands in the archipelago that have been working with penguins and seals. Firstly, we went to get Phil Trathan, a well known scientist that works with penguins that spent the last two months at a colony of chinstrap penguins Pygoscelis antarctica at Laurie Island (part of South Orkneys). When we went ot pick him (and Kat, his brilliant field assistant) up, he was with a gigantic smile! His GPS tracking work went well and he was happy. He was one of my PhD supervisors, so it was really nice to see him again, under these circunstances. I and José were the lucky ones to go and pick them up, via zodiacs (quick boats excellent for this type of work). The conditions were initially not ideal, as the waves were high closer to the colony, so we waited a few hours until we got thumps up to go. We spent most of the time transporting equipment between the small Hill where they stayed and the zodiacs, but it was well worth it. The sounds of the penguins, smell of the penguin colony (yes, pretty strong but reminded us of the “old times”), the proximity of them to us,...everything was magical. So nice being cm away from chinstrap and antarctic fur seals... A próxima paragem foi para apanhar o Ian Staniland, outro colega conhecido que trabalha com lobos marinhos Arctocephalus gazella, na Ilha de Powell (outra Ilha das Ilhas Orcadas). Desta vez não tivemos a oportunidade de ir a terra ajudá-los a retirar o acampamento. Por fim, fomos buscar os últimos cientistas à Ilha de Signy, onde fica a base britânica de Signy. Aí trouxemos connosco o Norman Ratcliffe (e a sua equipa) que trabalhou com pinguins de barbicha e gentoos. Tive a oportunidade de rever a minha colega Stacey Adlard com quem estive no Inverno de 2009, na Ilha de Bird Island (Geórgia do Sul), onde estudei os albatrozes viageiros e os pinguins gentoo, e que agora está a trabalhar ali. Then, we went to pick up Ian Staniland, another well known colleague that works with Antarctic fur seals Arctocephalus gazella, at the Island of Powell (another Island from the South Orkneys). This time, we had no opportunity to go and help them. Our cruise friends Rokas,Tracey and Dan did go and had the responsability of helping them with their equipment. Finally, we went to pick up the last scientists at Signy Island, where the British Research Base is located. We picked up Norman Ratcliffe (and his team), that has been working with chinstrap and gentoo penguins too. While in there, I had the chance to be with Stacey Adlard, my colleague of Winter 2009 at Bird Island Research Station when I studied wandering albatrosses and gentoo penguins. She is working now at Signy Island. Tivemos também de reabastecer (com alimentos frescos e combustível) a base e felizmente deu para conhecer um pouco da Ilha. O tempo começou a piorar e tivemos que regressámos ao navio. We exchanged equipments and gear. We had the chance to see a bit of the surroundings of the base, which was nice too. With the weather deteorating, we returned back to the RRS James Clark Ross. Todos eles estão a colaborar connosco, de um modo ou de outro, nos nossos projetos. Aliás, tivemos logo a oportunidade de ir para o laboratório pois o Ian tinha bicos das lulas que encontrou na dieta dos lobos marinhos (obtidas através das fezes que os lobos marinhos fazem na praia quando regressam do mar). Os lobos marinhos comeram principalmente a lula Slozarczykovia circumantarctica, aquela que já tínhamos encontrado nas redes. Interessante foi compreender que, dos peixes consumidos, Gymnoscopelus nicholsi parece ter sido o favorito para os lobos marinhos. Isso é muito interessante, pois nós encontrámos outras espécies de peixe mais abundantes, particularmente Gymnoscopelus braueri e Electrona antarctica. All of these researchers collaborate with us, in one way or another. Indeed, as soon as we had the opportunity to go the laboratory, Ian Staniland gave me his squid beaks found in the Antarctic Fur Seal scats during his study. I can say now that Antarctic fur seals ate Slosarczykovia circumantarctica, the same one we found in our nets. Interesting noticing that within the fish consumed by Antarctic fur seals, Gymnoscopelus nicholsi seemed to have been the favourite prey. Such result is surprising as in our nets we found Gymnoscopelus braueri and Electrona antarctica, with G. nicholsi occuring in high numbers only seldomly. A clue to such difference: G. nicholsi can reach big sizes (and nicely nutritious) and therefore Antarctic fur seals were possibly smart in chosing them. O nosso trabalho de biólogos marinhos tem sido principalmente entre trabalhar em Terra ou num cruzeiro científico.
A grande diferença que sentimos entre trabalhar num cruzeiro científico e em terra, é que em terra possuímos um contato direto com os pinguins e focas, e os restantes animais. Nos cruzeiros científicos, as sensações são complementares, onde apanhamos nas redes animais que não vimos...mas ter pinguins a cm marca-nos muito! Our job as marine biologists has been mostly working on land (mostly in Antarctic islands) or in research cruises. The biggest difference between them is that on land we possess a straight, direct contact with larger, bigger, adored animals, such as penguins or seals. In research cruises, we have the unique opportunity of learning more about whales and smaller organisms that we find in the nets. Overall, both are greta feelings, and both ways to study the marine environments are extremely useful... but it is so nice being close to the penguins ;) |
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